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Qual é o benefício da transferência da microbiota vaginal para crianças nascidas por cesárea?

A microbiota das crianças nascidas por cesárea difere daquelas nascidas de parto normal e está associada a um maior risco de doenças. Novos estudos mostram que a transferência da microbiota vaginal para recém-nascidos pode prevenir as alterações na microbiota relacionadas ao parto cesáreo. Mas será que essa transferência é segura e eficaz? Vamos entender.


Os mais recentes dados do Ministério da Saúde do Brasil revelam um recorde histórico de cesáreas no país: do total de partos em 2022 - 57,7%.



No entanto, a cesárea está associada a um aumento do risco de consequências adversas para a saúde, incluindo distúrbios autoimunes e metabólicos, alterações na microbiota intestinal e até problemas no desenvolvimento do sistema nervoso. Novos estudos mostram que a transferência da microbiota vaginal ajuda a melhorar o amadurecimento da microbiota intestinal e o desenvolvimento do sistema nervoso em crianças nascidas por cesárea. No entanto, a segurança e a eficácia dessa intervenção ainda estão em debate.


Como é realizada a Transferência da Microbiota Vaginal?


Duas horas antes da cesárea, um tampão de gaze embebido em solução salina estéril (soro) é colocado na parte inferior da vagina da mulher. O tampão permanece lá por cerca de uma hora. Ele é retirado aproximadamente 30 minutos antes da administração da dose profilática de antibióticos e do início da preparação para a cesárea.

Imediatamente após o parto, uma enfermeira treinada esfrega a pele do recém-nascido na área dos lábios, rosto, peito, braços, pernas, genitais e períneo com o tampão de gaze. Em seguida, a enfermeira esfrega as costas. Esse processo leva cerca de 15 segundos. O bebê não é banhado por 12 horas.


Que tal a segurança e a eficácia desse método?


Em um novo estudo controlado randomizado triplo-cego, publicado na revista "Cell Host & Microbes", foi avaliada a segurança e a eficácia do método no contexto da melhoria do desenvolvimento do sistema nervoso, do amadurecimento da microbiota intestinal e do metaboloma em crianças nascidas por cesárea.


O estudo envolveu 76 mulheres grávidas que tinham indicação para cesárea programada.

Os recém-nascidos foram distribuídos aleatoriamente entre o grupo de transferência da microbiota vaginal (n = 35) e o grupo controle (n = 41).


O desenvolvimento do sistema nervoso das crianças foi avaliado por meio do questionário ASQ-3 aos 6 meses, e também foram analisados a microbiota intestinal e o metaboloma. Para uma comparação adicional, o estudo incluiu um grupo de 33 mulheres grávidas que tiveram parto normal.


Com base nos resultados, foram formuladas quatro conclusões-chave:


  1. Segurança: A transferência da microbiota vaginal se mostrou um procedimento seguro, não associado a eventos adversos graves nos primeiros 42 dias após o nascimento.


  2. Benefício para o desenvolvimento do sistema nervoso: As crianças que receberam a transferência da microbiota vaginal apresentaram índices significativamente mais altos de desenvolvimento do sistema nervoso aos 6 meses em comparação com as do grupo controle.


  3. Maturação da microbiota intestinal: A transferência da microbiota vaginal também foi associada à maturação acelerada da microbiota intestinal em crianças nascidas por cesárea. A intervenção normalizou parcialmente a composição da microbiota, tornando-a mais semelhante à das crianças nascidas de parto normal.


  4. Função metabólica: A transferência da microbiota vaginal foi associada ao aumento dos níveis de metabolitos fecais chave e à intensificação do metabolismo de carboidratos, energia e aminoácidos nos primeiros 42 dias após o nascimento.



Ao contrário da transplante de microbiota fecal, que requer preparação especial e está associado a certos riscos, a transferência da microbiota vaginal é um procedimento médico menos arriscado, que pode ser facilmente ensinado a enfermeiras e parteiras. Os profissionais de saúde podem considerar este método como uma intervenção potencial para melhorar a microbiota intestinal e o desenvolvimento do sistema nervoso em crianças nascidas por cesárea.


Fontes:



 
 
 

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